Mantendo livre a intuição
Kuan Yin
Canais: Michele Martini e Thiago Strapasson, em agosto de 2017
Meus queridos filhos,
Passam flashes diante de nós. São sons, luzes,
pessoas, falas, ruídos. Os sentidos físicos estão sempre conectados à vida na
matéria. Não permitem que nos aquietemos. Não há como desligá-los, pois são
nossa própria proteção natural diante da vida.
Mas a cada experiência há uma possibilidade de
conexão ao outro lado da vida. A cada respiração, a cada fala, temos a
oportunidade de ter aquele olhar libertador.
Podemos prender-nos diante de todos esses ruídos,
essas experiências. Mas podemos também nos tornar observadores da vida. Como se
tudo isso passasse diante de nossos olhos e ficássemos protegidos a observar, a
partir de um silêncio interior bom de sentir, saudável de estar junto.
E muitas vezes não é assim que se dá. Esse silêncio
se infiltra no ruído da vida. Deslumbramo-nos diante das oportunidades da vida
e essa ânsia, muitas vezes, gera mais barulho interior que todo ruído exterior:
quando projetamos nossas condições de felicidade, quando carregamos nossas
culpas do passado, quando não nos libertamos de tudo que está externo. Vivemos
assim diante dos ruídos externos, com um ruído interior ainda maior.
Como não trazer dúvida nessa imensidão de
possibilidades que a vida na matéria apresenta? Como não trazer inquietação
diante de grandiosas chances de ser feliz? A vida é repleta de oportunidades
realmente transformadoras.
A cada momento, são colocadas diante de nós tantas
possibilidades de elevação, que permanecemos verdadeiramente maravilhados
diante de tanta vida, de tanta abundância de vida.
Assim, estamos sempre abertos a receber; esse ato
de receber consiste em não se agarrar a crenças e padrões, e sim a estar aberto
ao novo a cada segundo.
Cada momento se forma a partir de um pequeno vazio
que dispomos à chegada da intuição. E, então, as novas ideias preenchem o
espaço que deveria ser da certeza.
A certeza então acaba por dar lugar à dúvida. Mas
essa dúvida é silenciada diante da fé, da clareza e da confiança.
A confiança de que quando estamos abertos a receber
e deixamos que a consciência desperta nos traga os mais belos momentos de
inspiração, nós seremos guiados na estrada que trará o estado de completude e
desprendimento da matéria.
Esse desprendimento nada mais é que a soltura de
tudo o que pensamos ser, até dado momento em que as certezas se desfazem diante
de uma infinidade de possibilidades que a vida traz.
Sim, são infinitas as possibilidades que mostram ao
ser, dia a dia, do que a vida é composta. Afinal, ela é composta de milagres!
Conhecidos por milagres são apenas os momentos de inspiração,
onde damos lugar àquela ideia que esteve presente, mas não teve lugar para se
encaixar em nós, não dávamos abertura à inspiração, à elevação da nossa
consciência.
E então, quando permitimos, essa consciência
expande, e expande de modo a nunca mais retornar ao estado inicial; é um
caminho sem volta.
Esse caminho, meus queridos filhos, nada mais é do
que o processo de ascensão, e que é compreendido por etapas de felicidade plena
e alegria, de completude interior, de leveza e certeza de que não mais o ego
necessita ser reafirmado e, tampouco, a personalidade> Mas sim, a certeza é
apenas de que o próximo minuto também será preenchido de beleza e
oportunidades, de leveza e doçura, de alegria e mais confiança de que a vida
sempre será repleta de surpresas. De que não necessita planejar, controlar ou
divagar em possibilidades. Que necessita apenas entregar. Entregarem-se à
magnitude de Deus e, então, se renderem à maravilhosa cascata de alegria e paz
que nos evolverá sempre.
Esse desprendimento traz abundância, paz,
completude e amor. Traz tudo o que é objeto de busca de tantos de vocês, meus
queridos filhos, e que sempre esteve disponível. Mas é observado e sentido
apenas por aqueles que deixaram o espaço vazio para que fosse preenchido com
toda a abundância de Deus.
Então, queridos amados, vocês passam a pertencer ao
Todo, a fundir com a vida, a sentir a completude e o estado de Um com a vida.
Vocês se unem ao Eu Sou em sua maior representação,
que é refletido em todas as formas de manifestação da vida materializada ou
não. Vocês são todos Um.
Entremos dentro da realidade de luz e amor
disponível a todos, bebamos do néctar da Fonte de Luz e criatividade. Deixemos
que a consciência se expanda e nos envolva com uma nova realidade que virá a se
formar, liberta de crenças e dogmas. Liberta de certezas e de personalidade.
Assim, o desprendimento da matéria e do estado de
sofrimento abrirá portas à ascensão do ser.
Está aí a possibilidade de não ser o ruído, de não
se infiltrar nos flashes, nas falas, nos medos e nos anseios. É se tornar o
vazio que é o Todo, que é o Tudo. E ser o observador onipresente que observa,
em seu vazio, a vida. Não se prende aos dramas, não se prende a nada, mas deixa
que a vida se conduza a cada nova conexão, a cada sopro como uma intuição que
aflora e que abre novas possibilidades de se conectar ao mundo. A cada ruído,
há um sopro de abundância interior que aflora e os leva a transcenderem todos
esses flashes, essas luzes, essas falas, toda a sedução que a vida traz.
Já não se permite que essa sedução se transforme em
mais ruído, mas, sim, é o silêncio que se integra à vida, que observa e se
conecta ao vazio interior que, através da intuição, cria novas formas de
experimentar toda essa vida, toda essa riqueza que se apresenta diante de seus
olhos. E, assim, a vida se faz, em conexão, livre de restrições, vazia, mas
conectada ao Todo, seguindo a cada sopro a felicidade que o Criador nos
proporciona.
Nesse estado, podemos nos renovar. Não somos,
estamos diante da vida. Essa é única e verdadeira liberdade daquele que vive, porém
não sofre, porque não se envolve, mas, ao mesmo tempo, pertence.
Essa é a única forma de não sofrer com as dúvidas,
com os anseios; é se conectar com a imensidão de possibilidades de ser feliz,
mas mantendo o vazio para que a intuição possa ser a condutora da vida, com
liberdade a cada segundo, a cada minuto, onde tudo está sempre aberto, sempre
se renovando, se alterando. Eis a única forma de nos conectarmos à abundância
de Deus, da criação e de tudo que existe.
Estejam em paz, meus filhos,
Sou Kuan Yin
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