Os agressivos como os submissos estão querendo a
mesma coisa:
ser amados
Prem Baba
Pergunta do participante: Amado
Maharaji, você falou sobre a responsabilidade de quem usa a energia sexual para
manipular o outro; mas como fica a responsabilidade de quem é manipulado?
Prem Baba: A mesma. Para haver um intimidador tem que haver um
intimidado. Para que aja alguém que abusa do poder tem que ter alguém
permitindo que esse abuso aconteça. Para isso, é importante que compreendamos
que a distorção do poder na forma da agressividade, da violência, da
intimidação, tem o mesmo peso que a distorção do amor, que é a submissão, o
vitimismo.
A distorção do poder é distorção do masculino; a distorção do amor é a
distorção do feminino. A distorção do amor é perniciosa, ela destrói sem
acreditar que esta destruindo. A pessoa que é o canal desta distorção realmente
acredita que ela é pura. Ela não entende como o Universo é tão mau com ela. A
vítima tenta dominar o outro através dessa ideia de que ela não dá conta da
vida; da ideia que ela é impotente, de que ela é frágil; mas o que ela quer e
manipular: “Ou faz do meu jeito ou eu me
mato, tomo veneno, pulo a janela”. Às vezes, pula mesmo da janela, ou toma
veneno, mas compreenda que é uma forma de manipulação. Você se arrasta no chão,
arranca os cabelos, mas tudo que você faz é um teatro com a intenção de dominar
o outro.
Esse tema foi levantado quando estávamos falando até mesmo do uso intencional
da magia sexual, da tão profunda distorção que existe neste mundo a respeito do
tantrismo, das pessoas ávidas por poder e que acabam se tornando escravas deste
poder distorcido. Acabam desenvolvendo mesmo um magnetismo que domina o outro,
porque, no mais profundo, o que você quer é fazer do outro um escravo para
atender seus caprichos, que atenda as suas expectativas. Tendo poder adquirido
através de técnicas ou não, o fato de ter uma distorção do poder dentro de você
faz com que você queira fazer do outro um escravo para satisfazer seus
caprichos, suas necessidades; para proteger a ilusão que você criou a seu
próprio respeito, para se sentir reconhecido, amado.
E aquele que está aceitando ser esse escravo carrega a distorção do amor. Ele
se coloca no papel do submisso, do escravo e diz: “Me bate que eu gosto”. Essa é também uma estratégia de
manipulação, só que mais sutil. Ela vai fazer de tudo para que o agressivo se
sinta a pior das criaturas na face da terra, porque vai colocar a culpa do
mundo nas costas dele. Ela vai o tempo todo tentar dizer:
“Você é o culpado pela minha
infelicidade. Olha onde eu estou, estou me matando, me destruindo. Eu, uma
pessoa boa, pura, estou me destruindo e você é o culpado porque você é mau.
Você é mau. Você abusa do poder”.
Esse é o jogo. Quem é mais responsável por esse jogo? Será que é um mais
responsável que o outro neste jogo? Aquele que é manipulado é tão responsável
quanto ao que manipula, mas existe uma moral que protege aquele que é
manipulado.
Não me refiro ao abuso de uma criança, são outras leis, é outra história. Tem
razões do porque isso acontece, mas essas respostas estão em uma esfera
transpessoal e já falamos sobre isso anteriormente.
Agora eu falo da relação entre dois adultos, onde os dois estão disputando pela
energia. Onde muitas vezes os dois estão desconectados da Fonte, se sentindo
impotentes, e a única maneira de se sentir potente é tirando a energia do
outro, fazendo o outro se sentir inferior. Você faz isso usando os recursos que
tem, o repertório que você adquiriu ao longo da vida. Alguns desenvolveram a
distorção do poder e tentam tirar energia através da falsa autossuficiência:
“Sou poderoso, estou acima das emoções humanas”. Aí o outro tenta ganhar o que
precisa fazendo-se de vítima, de submisso. O agressivo normalmente tem nojo do
submisso, o submisso tem raiva do agressivo; mas geralmente se casam.
Geralmente casam porque têm também uma profunda atração, pois são polos opostos
e se atraem. É justamente o que percebe que falta nele.
Se esse casal, essa sociedade, essa parceria estiver atento, estiver no caminho
do autodesenvolvimento, eles têm grande material de escola nas mãos, até
porque, tirando todo o romantismo, relacionamento é material de escola. É
importante que você compreenda que tanto os agressivos como os submissos estão
querendo a mesma coisa, querendo ser amados. Só que estão buscando esse amor no
outro; estão querendo amor exclusivo do outro. A relação se torna um campo de batalha.
Quer reconhecimento, amor exclusivo do outro, força o outro a te amar, mas amor
forçado não é amor. E quando o outro te dá, você fica com raiva, indiferente,
porque dentro de você tem uma consciência de que amor forçado não é amor; você
quer ser amado de graça. Mas é exatamente esse cenário que precisa ser
transformado nos relacionamentos humanos. Quando isso se manifesta mais
especificamente na vida sexual, se torna ainda mais complexo e mais danoso.
Namastê!
____________________________________Autor: Prem Baba
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