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sábado, 30 de outubro de 2010

OS INFERNOS DA ILUMINAÇÃO


The Hells of Enlightenment


Pode parecer um paradoxo se falar em inferno e relacionar o tema à iluminação. Mas é isso mesmo. A simbologia do inferno é o fogo, mas o fogo que depura as impurezas, que lapida o diamante. Portanto, os infernos evolutivos não são negativos; os involutivos sim. E quem faz seu inferno ser positivo ou negativo é o próprio ser humano.

Difícil para nós? Muito! Mas porque ainda somos lunares, ou seja, negativos. Encaramos os infernos como sofrimentos. Não são. São desafios. São metas cósmicas que temos que atingir, mais dia menos dia. Essas metas, esses desafios, segundo nossa condição espiritual, podem ser sofrimentos ou não. Tudo é uma questão de ótica, porque o sofrimento está no ser que o experimenta e não na dor em si mesma.

Como não sofrer com a dor? É um exercício de burilamento diário. É um processo de autoeducação e autocondicionamento que requer empenho e determinação extremos. Mas não é impossível.

Estamos tão mergulhados em sombras, em negativismos, em autofragelos emocionais que a luz nos incomoda e a felicidade nos traz desconforto. Quando estamos bem de saúde, de condição profissional, de situação financeira, de relacionamento afetivo, o que acontece? Caímos no tédio. Ah, que vida chata! Nada acontece de novo! E vamos atrás de alguma encrenca para movimentar a incômoda pasmaceira. Não estamos preparados para sermos felizes, ainda precisamos do desassossego para nos sentirmos vivos.

E quando vem alguém e nos diz e demonstra que é fácil ser feliz, que basta sermos simples e puros de coração, nós lhe oferecemos o inferno.

OS QUATRO INFERNOS DE JACKSON

O Inferno Emocional: quando teve a infância roubada, mutilada; quando teve sua inocência colocada à prova pela exposição a lugares e situações inadequados à sua idade; por não ter podido brincar quando era a hora, sonhar quando era a hora, se divertir quando era a hora. A dor foi na razão direta do passo iluminativo. Ganhou força espiritual.

O Inferno Físico: logo após o diagnóstico de vitiligo, nos anos 80, veio também o diagnóstico de lupus sistêmico. Enfermidades silenciosas e danificadoras. Imaginem o que é para um negro mundialmente famoso, dependente da sua imagem como astro - afinal, nós ainda condicionamos o amor à aparência -, ver sua pele se enchendo de manchas descoloridas e nada poder fazer para conter o infortúnio. O lúpus trouxe-lhe perigos e desconfortos em quantidade, e o tratamento, à base de cortisona, doloroso e paliativo. Ambas, enfermidades incuráveis e degenerativas, mas ele sofreu seu inferno sem revolta, sem alarde, mesmo tendo que suportar os juízes do mundo o acusando de racista e drogado.

O Inferno Afetivo: ele queria ser pai e para sê-lo casou-se com a herdeira de Elvis, Lisa Marie Presley. Ele é um gênio, um astro e um missionário; ela o queria comum, daqueles que trabalham durante o dia; dormem à noite, fazem sexo pelo menos três vezes por semana, tomam cerveja aos sábados no Bar do Zé e assiste futebol no domingo, pela TV. Mas Michael não é comum. Ele é um rei. Ela não entendeu e os filhos não vieram, mas veio a separação e ela foi para a imprensa chamá-lo de manipulador, idiota, egoísta... Dor e frustração, mas Michael superou, sem ter aberto mão da sua identidade espiritual e sem uma única palavra de revanche à Lisa Marie. Michael não se adapta a regras, ele as suplanta.

O Inferno Moral: Se Jesus teve um traidor em sua passagem pela Terra, Michael teve vários: Evan Chandler, Jordan Chandler, Janet Arvizo, Gavin Arvizo, Martin Bashir, Diane Diamond, Tom Sneddon, Tommy Mottola...
Preso injustamente, algemado como um bandido perigoso, julgado como um criminoso. Não lhe imputaram crime algum, mas a palavra dita jamais pode ser recolhida e Michael foi "crucificado" mesmo sendo inocente.






















Dois mil anos separam esses dois acontecimentos e a Humanidade ainda em nada mudou:  presos e condenados por fazerem da Bondade a sua bandeira.