MICHAEL JACKSON
Entrevista concedida a
Glenn PlaSkin
Glenn PlaSkin
Durante a passagem da Dangerous World Tour pela Europa, em
1992, Michael Jackson concedeu uma rara entrevista a Glenn Plaskin.
Um emissário foi enviado para entregar pessoalmente as perguntas para
Michael na Alemanha após o seu concerto de Munique, ao que ele ditou suas
respostas, que foram então transmitidas ao seu agente literário, em Washington
DC. As respostas foram digitadas e enviadas por fax para Glenn Plaskin, para
serem publicadas.
Glenn: Eu gosto da maneira como você se importa, chamando a atenção
em seu novo livro Dancing The Dream para
''uma criança chorando na Etiópia'', ''uma gaivota no mar lutando em um
derramamento de óleo'', ''um jovem soldado tremendo de terror''... Você acha
que nós nos tornamos insensíveis a tudo isso?
Michael: Não, eu não acho que nós nos tornamos insensíveis a estas
tragédias. Estamos vendo um ressurgimento mundial e restauração dos valores
humanos básicos e preocupação com a sacralidade de toda a vida em nosso
planeta.
Glenn: Seu livro é repleto de uma velha sabedoria da alma sobre a
vida. Você pensa sobre si mesmo como um filósofo?
Michael: Eu não penso sobre mim mesmo como um filósofo. Eu acho que
eu tenho um propósito, igual a todos na Terra. Para encontrar esse fim e viver
para expressá-lo é preciso acender a centelha da divindade dentro de nós.
Glenn: Será que todos os poemas e ensaios do livro vêm de um
diário?
Michael: Eu não mantenho um diário. As ideias gestam e incubam na
minha mente.
Glenn: Você sempre diz que sonhar é tão importante. Você já
realizou todos os seus sonhos?
Michael: Não. Eu não o fiz. Sem sonhos não há criatividade. O
impulso criativo em nós vem de descontentamento - um descontentamento divino
que procura mudar, transformar, preencher o mundo com mais magia. A minha
prioridade na vida é fazer a diferença, pisar em territórios desconhecidos e
deixar algumas trilhas para trás.
Glenn: O que você gosta sobre as crianças e como elas revivem você
quando se sente sobrecarregado?
Michael: As crianças são inocentes e eles são te julgam. Elas me
revivem porque me ajudam a encontrar a minha própria criança interior, sem a
qual eu estaria perdido. Desde crianças, podemos aprender a amar, perdoar,
recriar em tudo e curar o mundo.
Glenn: Quando você está sozinho, você se sente solitário ou
contente?
Michael: Eu sei como vivenciar a solidão. A solidão pode ser uma
experiência dura, mas a solidão é amor e consciência com toda a vida.
Glenn: Você, muitas vezes, fala de Deus e espiritualidade, e que
foram criados como Testemunhas de Jeová; Você se considera uma pessoa religiosa
hoje?
Michael: Eu não me considero religioso no sentido de seguir um
dogma particular. Eu me considero espiritual porque eu acredito que há um
domínio de conhecimento em que podemos experimentar a nossa universalidade. Eu
li todos os tipos de literatura religiosa, porque eu acredito que em todas elas
há verdade.
Glenn: No ensaio do seu livro "Confiança" você
escreve: ''Achamos que nos separando dos outros irá nos proteger, mas não
funciona. Acabamos nos sentindo sozinhos e não amados”. Você se sente
prisioneiro de sua fama?
Michael: Sim. A fama pode aprisionar. Mas a melhor parte de ser
Michael Jackson é que eu sei que eu posso interagir com milhões de pessoas e
que nessa interação trocamos algo.
Glenn: E o que é?
Michael: Amor. É emocionante. É mágico.
Glenn: Eu aposto que você poderia ter sido um grande bailarino. Sua
mãe disse uma vez que você poderia imitar quase qualquer movimento de dança
quando você tinha cinco anos de idade. Quando você está dançando no palco, como
se sente e quão duro você trabalha nisso?
Michael: Eu danço para expressar minha felicidade. Eu não me
esforço na prática quando eu estou dançando. Eu sinto que a dança é a dança em
si através de mim. Eu sou um instrumento para a expressão de êxtase.
Glenn: Nos conte alguns segredos: O que você come, como você se
exercita?
Michael: Minha vida não é limitada por dietas especiais ou rotinas
de exercícios! Eu me divirto com meus amigos ou sozinho. Eu gosto de ver
filmes, ler livros, dançar e, por vezes, não fazer nada.
Glenn: Você escreve muito sobre animais. O que podemos aprender com
eles?
Michael: Os animais não matam por crueldade, ganância ou ciúme. E a
maioria não mata sua própria espécie. Nós somos os únicos animais que saqueiam
e destroem a Terra! Mas estamos aprendendo, e ainda não é tarde demais.
Glenn: Por falar em animais, após a seção "sexy e violência" da pantera de Black or White ter
criado tanta polêmica, psicólogos amadores especularam que você estava
extravasando sentimentos de raiva...
Michael: A raiva e a fúria são o prelúdio de uma
mudança na consciência. A menos que nós sintamos raiva sobre algumas das
desigualdades e injustiças da nossa sociedade, não há nenhuma esperança para
transformação.
Glenn: Seus vídeos são de alto nível, como uma fotografia em
movimento. Gostaria de fazer filmes de longa-metragem?
Michael: Eu vou produzir e dirigir muitos filmes de longa metragem;
filmes que trazem a magia da vida - que entretêm, mas também fazem as pessoas
pensarem.
Glenn: Entretanto, quando você está compondo músicas para seu
próximo álbum, as palavras vêm em primeiro lugar ou vêm a música?
Michael: Primeiro eu ouço a música e sinto a dança e, em seguida,
as palavras vêm espontaneamente.
Glenn: Em seu ensaio “Crianças do Mundo", você diz que tantas crianças tiveram suas infâncias
roubadas. Como um astro-mirim, você se sente assim?
Michael: Eu certamente não tive a rotina de uma infância. Mas a
magia sempre esteve lá.
Glenn: Vemos Elizabeth Taylor lutar tão apaixonadamente pela
fundação da AIDS e sobre compaixão. Qual a qualidade que você mais gosta dela
como amiga?
Michael: Elizabeth tem paixão pela vida. Devemos viver com paixão.
Glenn: Tendo recepcionado o casamento de Elizabeth Taylor em outubro do ano passado, você sonha que
um dia você possa ter o seu próprio casamento?
Michael: A minha vida é o presente. E a emoção da vida é dar um
passo em direção ao desconhecido, todas as manhãs. Estou ansioso pelo futuro,
seja lá o que ele trouxer.
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Fonte: http://articles.chicagotribune.com
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