- O ego -
queixas e ressentimentos
Eckhart Tolle
O ego adora reclamar e se ressente não só de pessoas como de situações.
O que podemos fazer com alguém também conseguimos fazer com uma circunstância:
transformá-la num inimigo.
Os pontos implícitos são sempre os mesmos: “isso não deveria estar
acontecendo”, “não quero estar aqui”, “estou agindo contra minha vontade”, “o
tratamento que estou recebendo é injusto”, “etc”.
E, é claro, o maior inimigo do ego acima de tudo isso é o momento presente, ou
seja, a vida em si, o agora.
Não confunda a queixa com a atitude de informar alguém de uma falha ou de uma
deficiência para que elas possam ser sanadas. Além disso, abster-se de reclamar
não corresponde necessariamente a tolerar algo de má qualidade nem um mau comportamento.
Não há interferência do ego quando dizemos ao garçom que a comida está fria e
precisa ser aquecida - desde que nos atenhamos aos fatos, que são sempre
neutros.
"Como você se atreve a me servir uma sopa fria?" - Isso é se queixar,
isso é ego.
Nessa situação, existe um "eu" que adora se sentir pessoalmente
ofendido pela comida fria e ele aproveitará esse fato ao máximo, um
"eu" que aprecia apontar o erro de alguém. A reclamação a que me
refiro está a serviço do ego, e não da mudança. Algumas vezes fica óbvio que o
ego não deseja que algo se modifique para que possa continuar se queixando e
continuar existindo.
Veja se você consegue capturar, ou melhor, perceber, a voz na sua cabeça -
talvez no exato instante em que ela esteja reclamando de algo - e reconhecê-la
pelo que ela é: a voz do ego, não mais do que um padrão mental condicionado, um
pensamento.
Sempre que a observar, compreenderá que você não é ela, e sim aquele que tem
consciência dela. Na verdade, você é a consciência que está consciente da
voz. Atrás, em segundo plano, está a consciência.
À frente, se situa a voz, aquele que pensa, o ego. Dessa maneira você
estará se libertando do ego, livrando-se da mente não observada.
No momento em que você se tornar consciente do ego, a rigor ele não será mais o
ego, e sim um velho padrão mental condicionado.
O ego implica inconsciência. Ele e a consciência não conseguem coexistir.
O velho padrão mental, ou hábito mental, pode sobreviver e se manifestar por
mais um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de inconsciência humana
coletiva atrás de si. No entanto, toda vez que é reconhecido, ele se
enfraquece.
Só a prática da auto-observação consciente leva ao despertar da consciência e,
consequentemente, à eliminação do ego.
_______________________________Autor: Eckhart Tolle / http://www.eckharttolle.com/
Fonte secundária: De Coração a Coração
- http://sementesdasestrelas.blogspot.com.br/2015/05/eckhart-tolle-o-ego-queixas-e.html#sthash.cAajhM4F.dpuf